Lançado originalmente em 1996 para o PlayStation, Revelations: Persona marca o início de uma das franquias de JRPG mais icônicas dos últimos tempos, a série Persona.
Este primeiro título, desenvolvido pela Atlus, é bem diferente dos jogos posteriores da franquia, tanto no estilo quanto no tom, mas já mostrava sinais do que viria a ser o sucesso da série.
Embora seja um jogo mais obscuro em termos de popularidade e com alguns aspectos que podem parecer datados, Revelations: Persona foi inovador em muitos sentidos, oferecendo um RPG que mistura horror psicológico, temas filosóficos e um combate estratégico baseado em turnos.
Então, o que faz desse jogo uma experiência que ainda vale a pena revisitar? Vamos mergulhar nos principais aspectos, como enredo, personagens, mecânica, visual, som e, claro, alguns fatos divertidos.
O Mundo Sob Influência de Demônios e Pesadelos
A trama de Revelations: Persona é misteriosa e intrigante, focada em um grupo de estudantes do ensino médio que, ao realizarem um ritual chamado “Persona Game”, despertam seus poderes interiores e se veem envolvidos em uma luta contra seres sobrenaturais.
Esses seres, conhecidos como demônios, começaram a aparecer na cidade após um incidente em uma misteriosa corporação chamada SEBEC.
O enredo é sombrio, cheio de reviravoltas e com uma atmosfera de horror psicológico que pode pegar muitos de surpresa, especialmente para um jogo de PlayStation da época.
Há uma mistura de ficção científica, psicologia e mitologia que permeia o universo, criando um ambiente onde o sobrenatural e o cotidiano se chocam.
Embora seja comum em JRPGs vermos adolescentes salvando o mundo, Persona traz uma camada extra de profundidade ao explorar questões como identidade, traumas pessoais e o confronto com o lado sombrio da psique humana.
O enredo se divide em duas rotas principais, a rota SEBEC, focada em derrotar a corporação e seu líder, e a Snow Queen Quest, que é um conteúdo opcional com sua própria narrativa e desafios.
Essa divisão dá ao jogo um fator de replay interessante, além de oferecer diferentes perspectivas da história.
Adolescentes Lutando com Demônios… E com Suas Próprias Personalidades
O elenco principal de Revelations: Persona é composto por jovens com personalidades marcantes, cada um carregando seus próprios demônios internos – algo que se reflete nas “Personas” que eles evocam.
Embora os personagens em si não sejam tão profundamente desenvolvidos quanto em jogos posteriores da franquia, você ainda encontra nuances interessantes nas interações entre eles.
Protagonista: Como de costume nos jogos da série, o protagonista é um personagem silencioso que representa o jogador. Ele é o líder do grupo e possui a habilidade única de invocar várias Personas, tornando-o extremamente versátil em combate.
Maki Sonomura: Talvez a personagem mais intrigante, Maki é central para o enredo, pois grande parte da narrativa gira em torno de seu estado mental e sua relação com o mundo distorcido no qual os personagens se encontram. Ela é enigmática e carrega um papel importante no desenvolvimento da trama.
Mark, Nate, Brad, Ellen e outros: Esses personagens são os amigos e colegas do protagonista, cada um com uma personalidade distinta. Mark, por exemplo, é o típico artista despreocupado, enquanto Nate é o rico intelectual que assume uma postura mais arrogante.
Essas personalidades se chocam e se complementam ao longo da história, e embora os diálogos possam parecer um tanto rasos, o jogo estabelece uma dinâmica de grupo interessante.
O conceito de “Personas” – manifestações das personalidades dos personagens que eles podem invocar para combater demônios – é o verdadeiro diferencial aqui.
Embora o desenvolvimento de personagem seja limitado em comparação com os jogos mais recentes da franquia, a ideia de que cada personagem está enfrentando suas próprias inseguranças e desafios internos, refletidos em suas Personas, traz uma camada psicológica fascinante.

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Combate Estratégico em Revelations: Persona
No coração de Revelations: Persona está o sistema de combate por turnos, com algumas mecânicas únicas que ajudam a diferenciá-lo de outros JRPGs da época.
Durante as batalhas, você pode tanto lutar diretamente quanto negociar com os demônios que enfrenta, algo que se tornaria uma marca registrada da série Shin Megami Tensei.
Essas negociações podem levar a diferentes resultados: os demônios podem se juntar a você, lhe dar itens, ou simplesmente fugir.
Isso adiciona uma camada estratégica ao combate, já que nem sempre a luta direta é a melhor opção.
Outra característica marcante é o sistema de Personas. Cada personagem pode equipar uma Persona, que lhes dá habilidades especiais em combate, como feitiços e buffs.
O protagonista, em particular, pode usar várias Personas, e isso permite uma grande flexibilidade na formação de estratégias.
No entanto, as Personas podem ser fundidas para criar versões mais poderosas, algo que se tornaria uma mecânica central na série.
A escolha cuidadosa de quais Personas equipar e quais fundir é crucial para o sucesso nas batalhas mais difíceis.
No entanto, há algumas críticas à mecânica. O ritmo do jogo pode ser lento em comparação com os RPGs modernos, especialmente quando se trata de explorar dungeons e enfrentar batalhas aleatórias.
Além disso, o mapa do jogo pode ser um pouco confuso, e a câmera fixa nas dungeons em primeira pessoa pode desorientar os jogadores.
Estilo Pixelado com Uma Pitada de Horror
Para os padrões do PlayStation, Revelations: Persona apresenta visuais que, embora sejam modestos em termos de gráficos, capturam bem a atmosfera sombria e bizarra do jogo.
Os modelos de personagens são simples, mas funcionais, e os cenários urbanos, embora um tanto repetitivos, ajudam a criar uma sensação de isolamento e medo.
As dungeons em primeira pessoa são talvez o aspecto visual mais datado do jogo. Elas podem ser monótonas e confusas, já que muitas áreas se parecem entre si, o que dificulta a navegação.
Porém, os designs das Personas e dos demônios são bastante detalhados e criativos, misturando influências mitológicas e folclóricas de várias culturas.
Ainda assim, para um jogo de 1996, o visual faz um bom trabalho ao criar um mundo intrigante e um tanto perturbador.
A sensação de que algo não está certo, de que o mundo ao seu redor é uma distorção da realidade, é transmitida com sucesso pelos cenários e designs de personagens.
Trilha Sonora Atmosférica de Revelations: Persona
A trilha sonora de Revelations: Persona foi composta por Hidehito Aoki e Misaki Okibe, e é uma das partes mais memoráveis do jogo.
Com uma mistura de faixas eletrônicas, batidas pesadas e tons sombrios, a música complementa perfeitamente a atmosfera do jogo.
O tema de batalha, em particular, é cativante, com um ritmo que mantém a adrenalina alta durante os confrontos.
Os efeitos sonoros, por outro lado, são mais básicos, mas fazem seu trabalho.
Desde o som das batalhas até os diálogos e interações com o ambiente, tudo soa apropriado para o tom do jogo, mas nada se destaca tanto quanto a trilha sonora.
Revelations: Persona e suas curiosidades
- Revelations: Persona foi o primeiro jogo da série Persona a ser lançado no Ocidente, mas a localização inicial trouxe muitas mudanças, como a americanização dos nomes dos personagens e alterações no enredo. Na versão original japonesa, o protagonista e seus amigos tinham nomes japoneses, enquanto na versão ocidental, nomes como “Mark” e “Nate” foram introduzidos para se alinhar ao público ocidental.
- O jogo foi inspirado fortemente pela série Shin Megami Tensei, e muitos dos elementos de gameplay, como a fusão de demônios e o recrutamento de inimigos, foram retirados diretamente dessa série.
Um Clássico Obscuro que Prepara o Palco para o Futuro
Revelations: Persona pode não ser o JRPG mais acessível ou polido da era do PlayStation, mas sem dúvida é um jogo inovador que ajudou a estabelecer uma franquia que, décadas depois, se tornaria um fenômeno global.
Com sua mistura de horror psicológico, combate estratégico e uma narrativa centrada em questões filosóficas e existenciais, o jogo oferece uma experiência única para os fãs do gênero.
Embora alguns aspectos do jogo possam parecer datados para os padrões atuais, especialmente em termos de gráficos e mecânicas de dungeon, os fãs da franquia Persona encontrarão muito valor em revisitar as origens da série.
Para os jogadores que nunca experimentaram este título, vale a pena dar uma chance para entender como tudo começou e ver como esses primeiros passos deram origem a uma das séries mais queridas do gênero RPG.