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LSD: Dream Emulator — Uma Jornada por Sonhos e Pesadelos

LSD Dream Emulator capa

Se você busca algo diferente, estranho e totalmente fora do convencional no mundo dos videogames, LSD: Dream Emulator para o PlayStation pode ser o jogo mais bizarro e intrigante que você já ouviu falar.

Lançado apenas no Japão em 1998, este título é uma experiência única que desafia as convenções dos games tradicionais.

Criado pela Asmik Ace Entertainment, ele te joga em um mundo de sonhos fragmentados, sem objetivos claros ou missões para completar, mas cheio de visuais surreais e uma atmosfera que flutua entre o estranho e o perturbador.

Vamos mergulhar nesse sonho digital e descobrir o que faz de LSD um dos jogos mais cultuados e discutidos da era do PS1.

Sem enredo, só sonhos

Ao contrário da maioria dos jogos, LSD: Dream Emulator não tem um enredo tradicional. Isso mesmo — não há história central, personagens com motivações ou uma missão épica a ser cumprida.

Em vez disso, o jogo se baseia em um conceito extremamente abstrato: explorar os sonhos e pesadelos do subconsciente.

O jogador é lançado em diferentes cenários que representam uma mistura desconexa de visões oníricas, desde belas paisagens até cenários surreais que poderiam muito bem ser descritos como saídos de um pesadelo.

O jogo é inspirado no diário de sonhos de Hiroko Nishikawa, uma funcionária da Asmik Ace, que manteve um registro detalhado de seus sonhos por mais de 10 anos.

E é exatamente isso que você experimenta: fragmentos aleatórios e incoerentes de sonhos que, aos poucos, começam a construir uma sensação de mistério e desconforto.

Em vez de focar em um arco narrativo, LSD é uma reflexão sobre a aleatoriedade e a fluidez do subconsciente.

Cada vez que você dorme (ou seja, quando um dia no jogo termina), você é jogado em um novo sonho, que pode ser completamente diferente do anterior.

E, como na vida real, você nunca sabe exatamente o que esperar quando seus olhos fecham.

Explorar o absurdo em LSD: Dream Emulator

A mecânica de LSD: Dream Emulator é incrivelmente simples, mas é justamente essa simplicidade que reforça o sentimento de estranheza e imprevisibilidade.

Basicamente, o jogador anda por cenários estranhos em primeira ou terceira pessoa, interagindo com o mundo ao esbarrar em objetos, paredes, ou qualquer outra coisa que você encontrar.

O toque interessante é que tocar em qualquer coisa geralmente te transporta para outro cenário aleatório, muitas vezes sem qualquer lógica aparente.

Você não tem armas, não enfrenta inimigos e não existe nenhum sistema de pontuação ou objetivos.

Seu único “inimigo”, se é que podemos chamar assim, é o tempo: depois de um certo período, você acorda e o sonho termina, levando-o de volta ao ponto de partida, onde começa outro sonho no próximo ciclo.

Cada “dia” (ou sonho) dura alguns minutos e te leva a diferentes cenários que variam entre o belo, o bizarro e o assustador.

Os ambientes mudam de forma e cor, e às vezes até objetos familiares podem parecer diferentes em um novo sonho.

Isso cria um sentimento de desconexão e alienação, o que reforça a ideia de que o jogo é uma jornada pelas profundezas da mente, onde as regras do mundo real não se aplicam.

Além disso, há uma espécie de “gráfico de sonho” que acompanha suas explorações, dividindo suas experiências entre luz, escuridão, dinâmica e estática.

Dependendo de como você interage com o ambiente, seu gráfico se ajusta, mas o jogo nunca explica exatamente o que isso significa — uma escolha que contribui para a natureza enigmática da experiência.

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Psicodelia pixelada

Se você está esperando gráficos de ponta ou design realista, esqueça.

O charme de LSD: Dream Emulator está em sua estética crua e psicodélica, que mistura modelos em 3D poligonais com texturas abstratas e frequentemente perturbadoras.

As paisagens vão desde cidades labirínticas com edifícios monolíticos até florestas encantadas e cavernas subterrâneas sombrias. E isso é só a ponta do iceberg.

Um dos elementos visuais mais marcantes de LSD são suas texturas, que muitas vezes parecem ser colagens de imagens reais deformadas e coloridas de maneira surreal.

Há momentos em que você se depara com textos aleatórios, rostos sorridentes ou padrões geométricos que parecem não fazer sentido algum.

E essa aleatoriedade visual só contribui para o sentimento de que você está dentro de um sonho, onde tudo parece ao mesmo tempo familiar e desorientador.

Alguns cenários mudam drasticamente conforme você os revisita. Um campo tranquilo em um sonho pode ser coberto por uma névoa opressora no próximo, ou uma cidade pode se transformar em um deserto.

A transição entre esses ambientes é fluida e, às vezes, instantânea, aumentando a sensação de caos e aleatoriedade.

O som de um sonho febril

Se os visuais de LSD já são o suficiente para fazer você se sentir como se estivesse preso em uma experiência onírica, a trilha sonora e os efeitos sonoros amplificam ainda mais essa sensação.

A trilha é composta por sons ambientes estranhos e músicas que variam entre o calmo e o perturbador.

A música não segue uma progressão lógica e, muitas vezes, parece que foi feita para te deixar desconfortável.

Há momentos em que a música soa como algo saído de um disco de lounge dos anos 60, apenas para ser interrompida por sons eletrônicos distorcidos ou melodias que não têm um ritmo discernível.

O som de LSD é projetado para te deixar inquieto e imerso na atmosfera alienígena do jogo.

Em algumas áreas, o silêncio total prevalece, apenas para ser quebrado por um som repentino que te faz pular da cadeira.

Os efeitos sonoros também contribuem para essa atmosfera estranha, com sons que surgem do nada, objetos que emitem ruídos bizarros ao serem tocados, e o som de seus próprios passos ecoando em ambientes desolados.

A falta de uma trilha sonora coerente ou de sons familiares faz com que cada momento em LSD seja imprevisível, aumentando ainda mais a tensão psicológica.

LSD: Dream Emulator é um jogo cult incompreendido

LSD: Dream Emulator não é um jogo comum, e por isso se tornou um clássico cult, especialmente entre aqueles que gostam de experiências fora do comum no mundo dos games.

Alguns fatos curiosos sobre o jogo incluem:

  • Inspiração direta em sonhos reais: Como mencionado antes, o jogo foi inspirado no diário de sonhos de Hiroko Nishikawa. Muitos dos cenários e elementos do jogo vêm diretamente dos registros dela, o que dá ao jogo uma autenticidade única em sua abordagem onírica.
  • Final secreto: Embora o jogo não tenha objetivos definidos, ele conta com um final secreto que só é desbloqueado após jogar por 365 dias in-game, o equivalente a um ano inteiro de sonhos. Muitos jogadores nunca chegaram a esse ponto, o que faz do final algo cercado por mistério.
  • Disponibilidade limitada: O jogo foi lançado exclusivamente no Japão, o que o torna uma raridade fora do país. Entretanto, ele ganhou popularidade no Ocidente anos mais tarde, graças aos emuladores e à internet, que introduziram o jogo a uma nova geração de jogadores.

Um jogo que desafia a lógica e a percepção

LSD: Dream Emulator é, sem dúvida, um dos jogos mais estranhos e experimentais da biblioteca do PlayStation.

Ele oferece uma experiência completamente única que dispensa os conceitos tradicionais de jogabilidade e narrativa, em favor de uma exploração pura do subconsciente e dos sonhos.

Embora não seja para todos, aqueles que se aventurarem nas profundezas desse simulador de sonhos encontrarão algo verdadeiramente original e memorável.

Se você está em busca de algo diferente — algo que desafie sua percepção de realidade e te faça questionar o que é possível em um videogame — LSD: Dream Emulator é o jogo perfeito.

Mas esteja preparado para mergulhar em um mundo de caos, beleza e, acima de tudo, o desconhecido.

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