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Resident Evil Survivor – Um Tiro no Escuro da Franquia

Resident Evil Survivor capa

Resident Evil Survivor tentou fazer uma reviravolta quando foi lançado em 2000 para o PlayStation.

Quando você pensa em Resident Evil, a primeira coisa que vem à mente provavelmente são os zumbis, os quebra-cabeças desafiadores e aquela tensão constante enquanto explora mansões e cidades infestadas por criaturas horrendas.

Agora, imagine pegar esse conceito e jogar dentro de um formato totalmente diferente: um light gun shooter.

Mas será que ele conseguiu transportar toda a adrenalina e o terror da série para uma jogabilidade em primeira pessoa, ou acabou sendo uma tentativa frustrada de inovar?

Vamos mergulhar nessa resenha e descobrir.

Amnésia, Ilhas e Umbrella

O enredo de Resident Evil Survivor segue o personagem Ark Thompson, um homem que acorda em uma ilha controlada pela infame Umbrella Corporation sem qualquer lembrança de quem ele é ou por que está lá.

Como se isso já não fosse ruim o suficiente, a ilha está infestada de zumbis e criaturas mutantes criadas pelos experimentos da Umbrella.

Ark precisa navegar por esse pesadelo, descobrir sua identidade e sobreviver aos perigos que espreitam a cada esquina.

A premissa básica de Survivor é um tanto clichê, mas funciona para o estilo de jogo.

A perda de memória de Ark adiciona um toque de mistério, já que você está tão perdido quanto o protagonista no início, e as revelações sobre a trama vão sendo gradualmente desvendadas conforme você avança.

Para fãs de Resident Evil, a narrativa traz alguns rostos conhecidos, como a Umbrella e seus terríveis experimentos, mas se afasta dos eventos principais da série e não apresenta grandes momentos de impacto no enredo geral da franquia.

Embora a trama em si não seja particularmente memorável, o clima de isolamento e a sensação de que você está sendo constantemente perseguido são bem construídos.

A atmosfera tensa mantém você engajado, e a ambientação nas instalações da Umbrella oferece aquela clássica mistura de horror biológico e conspiração que os fãs da série conhecem e adoram.

Ark Thompson, o Protagonista Sem Memória

Ark Thompson é o personagem principal de Resident Evil Survivor, e sua amnésia serve como o ponto central do enredo.

Durante o jogo, você acompanha Ark enquanto ele tenta recuperar suas memórias e descobrir o que está acontecendo na ilha.

Embora Ark seja um personagem relativamente genérico, ele funciona bem no contexto do jogo, já que seu passado misterioso adiciona uma camada de curiosidade à narrativa.

No entanto, não espere uma construção de personagem profunda aqui.

Ark é basicamente um avatar para o jogador, e suas interações com os outros personagens, que são poucas e esparsas, não deixam uma impressão duradoura.

A maioria dos inimigos que você enfrenta são os típicos monstros de Resident Evil, incluindo zumbis, Lickers e Tyrants, mas não há muitos personagens humanos com quem você interage de forma significativa.

Essa falta de personagens secundários interessantes e interações mais profundas é um ponto negativo, especialmente considerando que outros jogos da franquia, como Resident Evil 2 e 3, já tinham começado a explorar personagens com mais camadas.

Aqui, Ark acaba sendo apenas um nome com uma arma, e a história, embora intrigante, não é capaz de compensar completamente essa ausência de personalidades marcantes.

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O Primeiro Resident Evil em Primeira Pessoa

A grande mudança de Resident Evil Survivor em relação aos seus predecessores é o fato de ser jogado em primeira pessoa.

Isso foi uma mudança radical para a série, que até então se baseava fortemente em uma câmera fixa e um estilo de jogabilidade mais lento e tenso.

A ideia por trás de Survivor era dar ao jogador uma experiência mais rápida e envolvente, algo que funcionasse bem com periféricos como light guns (armas leves), muito populares nos arcades da época.

No entanto, a versão norte-americana do jogo não suportava light guns, o que significava que os jogadores precisavam usar o controle convencional para atirar e mirar, o que prejudicou muito a experiência.

Controlar Ark e mirar nos inimigos ao mesmo tempo com o controle do PlayStation era complicado e muitas vezes frustrante.

Isso diminuiu muito o potencial de imersão do jogo e tornou a jogabilidade desajeitada.

Mesmo os jogadores mais habilidosos podem ter dificuldade em se adaptar ao sistema de mira, que é impreciso e lento.

O combate, portanto, acaba sendo o maior ponto fraco de Resident Evil Survivor. Embora o conceito de jogar em primeira pessoa traga uma nova perspectiva ao terror da franquia, a execução falha.

As armas têm pouca sensação de impacto, e os inimigos, embora variados, não oferecem muito desafio além de serem esponjas de balas.

A falta de precisão nos controles transforma o que deveria ser um jogo tenso em algo mais irritante do que desafiador.

Atmosfera Sombria de Resident Evil Survivor

Em termos visuais, Resident Evil Survivor traz uma atmosfera sombria e assustadora, típica dos jogos da série.

As áreas são escuras e claustrofóbicas, o que combina bem com o tema de terror do jogo.

No entanto, como um jogo de 2000 para o PlayStation, ele não impressiona muito graficamente, especialmente em comparação com outros títulos da época, como Resident Evil 3.

Os modelos dos inimigos são decentes, e há algo a ser dito sobre a sensação de pavor que os monstros da série conseguem transmitir, mesmo com as limitações gráficas.

Zumbis, Lickers e Tyrants são familiares, mas sempre aterrorizantes, especialmente quando surgem do nada em corredores apertados.

Os cenários, por outro lado, são um pouco repetitivos.

Muitos dos ambientes parecem muito semelhantes entre si, com corredores industriais, laboratórios e instalações que não possuem muita variedade visual.

Isso pode tornar a exploração cansativa depois de um tempo, já que as áreas não têm a mesma personalidade que as mansões ou cidades vistas nos jogos principais da série.

Efeitos Clássicos de Resident Evil, Mas Nada de Novo

Uma coisa que Resident Evil Survivor faz bem é o uso de efeitos sonoros.

Os rugidos e gemidos dos zumbis, os passos lentos dos monstros maiores, e o som arrepiante de portas se abrindo – tudo isso contribui para a criação de uma atmosfera de tensão que já é marca registrada da série.

A trilha sonora em si é discreta, mantendo um tom baixo e sombrio que se mistura bem com a jogabilidade.

Você não vai encontrar grandes temas musicais ou melodias memoráveis aqui, mas a música faz o trabalho de manter você no limite enquanto explora a ilha.

No entanto, a falta de variedade nas faixas pode ser um problema, já que, depois de algumas horas, as mesmas batidas repetitivas podem começar a cansar.

Resident Evil Survivor e Bastidores

Uma curiosidade interessante sobre Resident Evil Survivor é o fato de que ele foi originalmente projetado para ser jogado com uma light gun, mas, por algum motivo, essa funcionalidade foi removida da versão norte-americana.

Isso deixou muitos jogadores frustrados, pois o controle convencional simplesmente não funcionava tão bem quanto deveria.

Além disso, Survivor foi o primeiro jogo da série a experimentar a perspectiva em primeira pessoa, algo que seria revisitado mais tarde, com muito mais sucesso, em Resident Evil 7.

Apesar de Survivor não ter acertado completamente em sua execução, ele pavimentou o caminho para experimentações futuras na franquia.

Outro ponto interessante é que, apesar de sua recepção mista, Resident Evil Survivor conseguiu vender razoavelmente bem, o que levou ao lançamento de sequências, como Resident Evil Survivor 2 (baseado em Code Veronica), embora essas também tenham enfrentado críticas semelhantes.

O Experimento Resident Evil Survivor

Resident Evil Survivor é, sem dúvida, uma tentativa ousada de trazer algo novo para a franquia.

A mudança para uma perspectiva em primeira pessoa poderia ter sido um grande sucesso, especialmente se a funcionalidade da light gun tivesse sido mantida.

No entanto, o que poderia ter sido uma experiência imersiva e cheia de adrenalina acabou sendo prejudicado por controles desajeitados e uma jogabilidade que não consegue sustentar a tensão característica da série.

O enredo e os personagens, embora interessantes o suficiente para os padrões de um jogo de tiro, não conseguem carregar o jogo nas costas.

Os visuais e o som fazem um trabalho decente de criar atmosfera, mas falham em se destacar em meio a outros títulos da época.

No final das contas, Resident Evil Survivor acaba sendo uma nota de rodapé na franquia, um jogo que você joga mais por curiosidade do que por sua qualidade intrínseca.

Se você é um fã dedicado de Resident Evil, pode valer a pena conferir para ver como a série experimentou diferentes estilos de jogo.

No entanto, se você está em busca de uma experiência de horror realmente aterrorizante e com jogabilidade sólida, é melhor procurar em outro lugar dentro do vasto universo de Resident Evil.

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