Após o sucesso estrondoso de 007 GoldenEye, a EA Games decidiu tomar as rédeas da franquia e nos trouxe 007: Tomorrow Never Dies para o PlayStation.
Quando falamos de James Bond nos videogames, é impossível não pensar imediatamente em GoldenEye 007, o clássico do Nintendo 64 que se tornou sinônimo de diversão em multiplayer e redefiniu os jogos de tiro em primeira pessoa.
007: Tomorrow Never Dies prometia capturar o espírito da ação e aventura dos filmes de Bond, desta vez adaptando o filme homônimo estrelado por Pierce Brosnan em 1997.
Mas será que ele conseguiu recriar o impacto de seu antecessor? Vamos descobrir.
A Recriação da Missão de Bond
Assim como o filme, o jogo Tomorrow Never Dies segue a trama de James Bond enfrentando o magnata da mídia Elliott Carver, que planeja orquestrar uma guerra entre o Reino Unido e a China para aumentar a audiência de seu império de notícias.
O enredo do filme é recheado de ação e conspirações globais, e o jogo tenta emular essa sensação com missões que variam de tiroteios intensos a sequências de esqui e espionagem furtiva.
O jogo segue de forma fiel os principais eventos do filme, desde a infiltração na fábrica de armas na Rússia até o embate final no navio furtivo de Carver.
Para os fãs do filme, é uma oportunidade de reviver momentos icônicos, como a invasão ao centro de comunicações da Carver Media Group ou as perseguições de tirar o fôlego.
No entanto, o enredo no jogo carece de profundidade e contexto, com algumas missões aparentemente jogadas de maneira desconexa, o que enfraquece a narrativa contínua.
A ausência de cutscenes elaboradas também deixa a desejar, já que a narrativa acaba sendo contada em blocos de texto e pequenos diálogos, o que tira o impacto da história.
Se você estava esperando algo tão envolvente quanto GoldenEye, o enredo de Tomorrow Never Dies pode parecer raso em comparação. Ainda assim, para os fãs do filme, há um certo charme em ver essas cenas traduzidas em formato de jogo.
Bond e Seus Aliados
É claro que o protagonista aqui é o próprio James Bond, interpretado por Pierce Brosnan (pelo menos em aparência).
No entanto, ao contrário de GoldenEye 007, Brosnan não dubla seu personagem, o que já é um desapontamento para quem esperava mais autenticidade.
A voz de Bond soa genérica, sem o carisma e a presença inconfundíveis que Brosnan trouxe para o papel no cinema.
Além de Bond, o jogo traz uma galeria de rostos familiares do filme, incluindo a bond girl Wai Lin, o vilão Elliott Carver, e o frio General Chang.
No entanto, assim como no caso de Bond, as performances de voz desses personagens são igualmente sem brilho.
Os personagens parecem quase “descolados” de suas contrapartes cinematográficas, com diálogos robóticos e sem vida. Isso acaba prejudicando a imersão, já que uma das maiores forças de qualquer jogo baseado em filme é a conexão emocional com os personagens que amamos ou odiamos na telona.
O ponto positivo, entretanto, é que você ainda sente o gostinho de ser o espião letal, viajando pelo mundo em missões impossíveis.
Bond ainda é o cara que você quer ser: o espião estiloso, que sempre está um passo à frente, com a capacidade de enfrentar qualquer situação com elegância.
Mesmo com a falta de profundidade nas interações, o apelo de jogar como James Bond não pode ser completamente ignorado.

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007 Tomorrow Never Dies foi Um Tiro no Pé?
Agora, quando chegamos à jogabilidade, as coisas começam a ficar um pouco complicadas. Ao contrário de GoldenEye 007, Tomorrow Never Dies não é um jogo de tiro em primeira pessoa.
Em vez disso, a EA Games optou por um estilo de terceira pessoa que, em teoria, poderia permitir uma visão mais ampla do mundo ao redor de Bond e suas manobras estratégicas.
No entanto, a execução deixa muito a desejar.
Os controles são, de forma polida, frustrantes. Movimentar Bond muitas vezes parece uma batalha contra o próprio jogo.
A mira automática é imprecisa, fazendo com que você frequentemente se veja disparando tiros para todos os lados, exceto no inimigo que realmente quer acertar.
A falta de um sistema de mira mais refinado é uma grande decepção, especialmente para um jogo de espionagem onde precisão deveria ser uma prioridade.
Outro aspecto interessante, mas mal aproveitado, são as seções de esqui e direção.
Sim, você pode esquiar montanha abaixo enquanto atira em inimigos ou dirigir veículos em perseguições emocionantes, mas o controle desses momentos também é, no mínimo, desajeitado.
Enquanto essas missões proporcionam uma mudança de ritmo na jogabilidade, elas acabam se tornando mais uma tarefa árdua do que uma experiência divertida.
Os gadgets de Bond, que sempre foram uma parte icônica de sua persona, estão presentes, mas não são tão bem utilizados quanto deveriam.
Alguns gadgets, como a câmera espia e o decodificador, são interessantes, mas raramente são necessários ou divertidos de usar.
Muitas vezes, o uso dos gadgets parece superficial, sem a complexidade estratégica que você esperaria em um jogo de espionagem.
Polígonos, Polígonos em Todo Lugar
Do ponto de vista gráfico, Tomorrow Never Dies está longe de ser um dos jogos mais bonitos da era do PlayStation, especialmente quando comparado a outros títulos lançados no mesmo período, como Metal Gear Solid ou Resident Evil 3.
Embora a EA tenha tentado criar uma atmosfera visualmente atraente para capturar o estilo dos filmes de Bond, o resultado final parece ser um mundo um tanto genérico e vazio.
Os modelos dos personagens são poligonais e sem muitos detalhes, o que já era esperado para a época, mas o problema é que não há muitos elementos visuais que se destacam.
Os ambientes, embora variados (de bases militares geladas a prédios de escritórios futuristas), acabam parecendo bastante simplistas e pouco detalhados.
Há momentos em que você sente que está explorando o cenário apenas para passar para a próxima fase, sem qualquer incentivo para realmente apreciar o ambiente ao seu redor.
Outro problema são as animações, que podem parecer rígidas e não naturais.
Bond, em particular, muitas vezes se move de maneira estranha, o que prejudica a experiência, já que você quer sentir que está controlando um espião ágil e letal.
Embora os gráficos poligonais fossem o padrão na época, a falta de polimento faz com que o jogo envelheça mal, especialmente quando comparado a outros títulos do mesmo período.
A Trilha Que Não Te Leva Muito Longe
A trilha sonora de Tomorrow Never Dies faz um trabalho razoável ao capturar o estilo clássico dos filmes de Bond.
As músicas de fundo são orquestradas, o que proporciona uma sensação de grandeza e ação cinematográfica.
No entanto, a falta de variação nas faixas pode tornar a trilha sonora repetitiva após longas sessões de jogo.
Você encontrará a si mesmo ouvindo as mesmas melodias bombásticas durante toda a campanha, o que, eventualmente, tira um pouco da imersão.
Os efeitos sonoros são decentes, com armas e explosões soando adequadamente poderosos, mas novamente, há uma falta de refinamento nos detalhes.
A dublagem, como já mencionado, é um dos pontos mais fracos do jogo.
Com performances que parecem apressadas e sem emoção, o áudio não consegue agregar a tensão e o drama que a franquia James Bond merece.
007 Tomorrow Never Dies e seus Fatos Divertidos
Um fato curioso sobre Tomorrow Never Dies é que ele foi o primeiro jogo de Bond lançado exclusivamente para consoles PlayStation, após o sucesso esmagador de GoldenEye 007 no Nintendo 64.
As expectativas eram altas, e a EA tinha grandes sapatos para preencher. Infelizmente, muitos fãs de Bond e jogadores de PlayStation ficaram desapontados com o resultado final, o que levou a uma recepção mista por parte da crítica.
Outro ponto interessante é que Tomorrow Never Dies foi originalmente planejado para incluir um modo multiplayer, semelhante ao sucesso de GoldenEye 007, mas essa funcionalidade foi removida durante o desenvolvimento.
Esse é um dos motivos pelos quais o jogo acabou sendo visto como uma oportunidade perdida, já que o multiplayer era uma das maiores atrações de seu predecessor no Nintendo 64.
Vale a Pena Relembrar 007 Tomorrow Never Dies?
Em resumo, 007: Tomorrow Never Dies para o PlayStation é uma tentativa ambiciosa, mas falha em capturar a essência do que faz James Bond ser tão icônico no mundo dos games.
Embora o enredo siga o filme de maneira fiel e o jogo ofereça momentos de ação variados, as falhas nos controles, a mecânica frustrante e a falta de profundidade nos personagens e narrativa impedem que ele alcance o potencial que poderia ter.
Para os fãs de Bond, há algum valor nostálgico em reviver as aventuras de Tomorrow Never Dies, especialmente para aqueles que querem mergulhar no mundo de espionagem de Bond novamente.
No entanto, em termos de jogabilidade e experiência geral, o jogo envelheceu mal, especialmente em comparação com outros títulos da franquia.
Se você é um fã da franquia e está disposto a superar as limitações técnicas e mecânicas, Tomorrow Never Dies ainda pode oferecer uma boa dose de ação e nostalgia.
Mas para aqueles que buscam uma experiência de espionagem mais refinada, é melhor procurar em outros lugares da vasta biblioteca de jogos de James Bond.